sábado, 10 de dezembro de 2011

Alfabetizar: a letra é importante?

Crianças quando se alfabetizam devem se ocupar com o tipo de letra que utilizam? A professora deve incentivá-los a usarem algum tipo em especial? Qual a diferença entre o uso da letra de fôrma e da letra cursiva nos primeiros anos escolares?
Essas e outras perguntas relacionadas com o uso da escrita, no primeiro e segundo ano escolar, são comuns e tem sido feitas com frequência por minhas alunas do curso de Pedagogia.
Tenho respondido que a escolha do tipo de grafia, em sala de aula, pela professora, como modelo às crianças, depende, fundamentalmente, de seu conceito de aquisição da escrita.
Entre as professoras que conhecem e se utilizam das teses de Ferreiro e Teberosky (1995) sobre a aquisição da escrita, o grafema é entendido em um sistema de representação. A escrita, nessa teoria, representa. Desse modo, escrever não é copiar, escrever não é apenas codificar...

As letras: de fôrma ou cursiva?
Ao observar crianças em processo de construção das hipóteses da escrita, é comum perceber que estas se debatem, entre outras questões, com a quantidade e qualidade de letras necessárias e suficientes para escrever quaisquer palavras.
Desse modo, letras de fôrma maiúsculas são as mais adequadas para representar seus conceitos, especialmente porque estão isoladas umas das outras, diferentemente das cursivas, que se apresentam emendadas umas às outras, tornando mais difícil o processo de representação das hipóteses e de visualização dessas quando da leitura.
Acredito que a prioridade que a escola, desde que eu era menina, tem dado ao ensino e aprendizado das chamadas "letras de mão" é uma inversão de valores. Por que?
Porque a escola abre mão do essencial pelo periférico, ou seja, investe na forma em detrimento do conteúdo, dá mais valor ao representado do que ao sentido, informa que é mais imprtante saber traçar do que comunicar.
Penso que escrever não é copiar, escrever é representar, com sinais, o que queremos dizer uns aos ouros. Escrever é usar, sim o sistema. Mas com um objetivo: comunicar, encantar, segredar, poetizar...
E para a poesia, qual a importância do formato da letra?
Pense nisso...
Boa escrita!

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Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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