quinta-feira, 27 de junho de 2013

A velha, a mosca e a narrativa


Livro organizado por mim em 2012, A Velha, a Mosca e a Narrativa reúne um grupo de pequenas narrativas infanto-juvenis elaboradas por futuras professoras. A seguir, a apresentação, escrita por mim.

Apresentação

As gurias, alvoroçadas, ouviam a história da Velha que engolira uma mosca.

E como crianças, anteviam o próximo passo...

Não imaginavam que a velha morreria e nem mesmo o absurdo daquele estômago que tudo recebia: mosca, aranha, sapo...

Truta, cisne, raposa...

Urso e até remédio com data de validade vencida.

Ora rindo, duvidando, ora imaginando uma velha com tamanha falta de critério para se alimentar, as gurias tinham se transformado em meu público ideal: ouvintes, por prazer, de uma narrativa maluca, cumulativa, especialmente escolhida para mais uma de nossas sextas-feiras à noite, dia em que quase ninguém tem aula na Faculdade.

Sempre gostei das sextas-feiras.

Quando guria como elas, sabia que depois de uma semana de estudo e trabalho, as boates do DCE me esperavam: dançar, beijar, namorar. Amigos, muitos, dezoito anos e liberdade. Na cidade universitária, uma vida inteira pela frente. Não queria mais nada!

Hoje as sextas-feiras significam realização: depois de uma semana de trabalho e estudo, voltar para casa, namoro, bom filme, uma taça de vinho e um jantar preparado com cuidado. Não há pressa, posso olhar para trás e dizer: que bom que estudei, que bom que gosto do que faço, que bom que chegou a sexta-feira.

E nós ali, em nossa sexta-feira, ouvindo a velha engolir tudo...

Na Faculdade, as sextas são o momento pedagogicamente escolhido por quem gosta de estudar. E a disciplina optativa é a declaração que professora e alunas se respeitam, se gostam...

Eu admiro estudantes que escolhem a sexta-feira para ter aula. Elas escolhem a professora, apesar da sexta-feira e penso que isso é admiração pela professora. Eu agradeço.

A proposta, depois da velha, um dos contos inseridos no livro Histórias para ler na cama da Debi Gliorir (São Paulo: Cia das Letrinhas, 2007) foi vomitar: uma narrativa, uma invencionice, uma maluquice. Depois de inventar, ler para todos em voz alta, na frente da turma. A Sandra até dançou!

Quer sexta-feira melhor? Invente a sua...

Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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