quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Alfabetização Literária: Por uma metodologia para a Literatura na Escola


Resumo: No texto apresento o conceito de Alfabetização Literária – elaboração e produção de um processo saboroso, articulado e intencional de apresentação do livro literário ao leitor iniciante. Ao argumentar pela urgência da mediação literária como um necessário método de trabalho na escola, agrego como argumentos, a sensibilidade na escolha do que ofertar aos pequenos e o ouvido atento quando da pesquisa sobre repertórios. A obra literária – em seus variados gêneros – é conceituada, no texto, como artefato, por excelência, da cultura escrita e a mediação, tarefa primordial do Pedagogo.

Introdução
É possível ensinar a gostar de ler? O que faz da mediação literária um necessário método de trabalho na escola? Quais as características de um método para ensinar a gostar de ler? Para responder a essas e outras questões que estão na origem do trabalho pedagógico de ensinar a ler e a gostar de ler, vamos a alguns conceitos.
O que é Método? E Metodologia? De acordo com Gerhardt e Silveira (2009), a palavra Método se origina da grega methodos e significa, literalmente, “caminho para chegar a um fim”. É, portanto, o caminho em direção a um objetivo. Metodologia, por sua vez, é o estudo do método – um corpo de regras e procedimentos estabelecidos para realizar uma pesquisa, uma tarefa, um processo. Para as autoras, a atividade preponderante da metodologia é a pesquisa, pois o conhecimento humano caracteriza-se pela relação estabelecida entre o sujeito e o objeto, podendo-se dizer que esta é uma relação de apropriação. E concluem afirmando que “a complexidade do objeto a ser conhecido determina o nível de abrangência da apropriação” (2009, p. 11).
Os métodos para ensinar são conhecimentos fundantes da profissão docente, uma vez que o Pedagogo é um mediador entre os saberes historicamente selecionados como os mais relevantes e as novas gerações que acorrem à escola. Para herdarem, as crianças, desde que nascem, passam por processos de apropriação. Estes podem ser espontâneos – também ditos populares ou empíricos e são resultado de uma apreensão simples da realidade cotidiana. Quando da escolarização, os processos espontâneos dão lugar aos organizados –aprofundados e metódicos – através dos quais se oportuniza pensar sobre e se almeja o conhecimento científico. Já o “questionamento do mundo e do homem quanto à origem, liberdade ou destino, remete ao conhecimento filosófico”, de acordo com Gerhardt e Silveira (2009, p. 11), indicando que há, em seu ponto de vista, três gradações na apreensão de saberes.
Pensando sobre o acima exposto e integrando esse pensar à literatura na escola, afirmo que ter um método de ensino torna o exercício da profissão docente mais intensamente capaz de objetivar desejos e intenções. No ensino do gostar de ler, o método – a mediação literária – agrega valor ao artefato cultural[1] e não pode prescindir de planejamento, desenvolvimento e avaliação.

Leitura literária: o que é?
Para Graça Paulino, criadora do termo, a leitura se diz literária quando “a ação do leitor constitui predominantemente uma prática cultural de natureza artística, estabelecendo com o texto lido uma interação prazerosa. O gosto da leitura acompanha seu desenvolvimento, sem que outros objetivos sejam vivenciados como mais importantes, embora possam também existir”. Quando da leitura literária, segundo Paulino (2014, p. 177-178), estabelece-se um pacto entre autor/leitor, que inclui, necessariamente, “a dimensão imaginária”, na qual linguagem se destaca como “foco de atenção, pois através dela se inventam outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas ações, pensamentos, emoções”. A estudiosa afirma ainda, que
“Misturada à vida social, a leitura literária merece atenção da comunidade, por constituir uma prática capaz de questionar o mundo já organizado, propondo outras direções de vida e de convivência cultural” (PAULINO, 2014, p. 177).

Depois dos conceitos, a leitura literária na escola...
Há um consenso entre estudiosos da arte literária – objeto da leitura literária – que esta tem seu espaço bem marcado em nossa sociedade. Para Paulino (2014), “a leitura na escola é ensinada e aprendida de forma ligada a diversos discursos e gêneros textuais”, convivendo com especificidades de outros tipos de leitura. No entanto, “têm pontos em comum, que podem ser trabalhados por professores e alunos”. Um ponto chave na reflexão da autora é que “leitura alguma sobrevive bem como prática cultural, quando censurada ou tolhida por autoridades do Estado, da família ou da escola” e, “especialmente a leitura literária requer liberdade”, pois as “preferências de cada um” é que caracterizam, de fato, uma “leitura literária”. Como tarefa para o docente, Paulino (2014) propõe nada menos que a incitação à imaginação. Em suas palavras:
“Como a escola tende a homogeneizar comportamentos, o cuidado das autoridades nesse primeiro momento se torna fundamental. Posteriormente, a mediação docente que não reprima, mas incite a imaginação de cada aluno no pacto com o texto, também constitui um componente essencial do processo escolarizado de leitura literária” (PAULINO, 2014, p. 177-178).

Partindo do pressuposto de que a linguagem é uma criação humana, é um legado de gerações repleto de marcas culturais que tendem a indicar seu uso e atribuição de sentido, é necessário considerar que os sujeitos envolvidos com sua aprendizagem, na escola, são oriundos de diferentes relações de significado com a leitura e a escrita. Assim, é interessante saber o que eles já sabem e intervir no que ainda precisam saber. Portanto, quando se inicia um processo de leitura literária na escola, o importante é conhecer o repertório que as crianças possuem.

Alfabetização Literária: em busca de um conceito
As memórias literárias (narrativas ouvidas e lidas, preponderantemente), os eventos de letramento (contato intencional ou espontâneo com sebos, bibliotecas, livrarias ou feiras do livro) e o acervo pessoal/familiar, compõem o repertório literário que cada um de nós dispõe. É o nosso capital literário, nossa poupança, que, assim como o dinheiro, pode ser representado por algumas poucas moedas ou uma polpuda conta bancária. Além disso, tudo o que diz respeito ao mundo do livro como descrição física (tamanho, número de páginas, papel, encadernação, fonte), descrição histórica (época em que foi escrito, editora que o financiou, vínculo do escritor com o produto) entre outros detalhes, também integra o repertório de saberes de cada um a respeito da literatura e deve interessar ao professor/pesquisador.
É desse modo que, com um livro na mão, questões como “O que é isso? Há alguma informação escrita nele? Será que é o nome da história? Ou o nome de quem a escreveu/ilustrou? Será que há outras informações na capa deste livro? Neste livro há lombada? E guardas? Quais suas funções? Há algo escrito nas orelhas? Se eu ler as letras impressas em sua capa, saberei qual o nome/título da história? Saberei sobre seu conteúdo?” podem dar início ao processo de alfabetização literária[2].
Como processo, a alfabetização literária parte de um estado – o saber anterior, o repertório – e pretende chegar a outro estado: o leitor fluente[3]. Para tal, uma metodologia de intervenção deve ser acionada. Repleta de procedimentos – simples, mas articulados e intencionais – demandam sensibilidade e critérios para a escolha dos livros, um ouvido atento e pragmatismo[4].

Procedimentos para a alfabetização literária
O primeiro procedimento a ser desencadeado é um teste sobre repertório. Por que fazê-lo? Para conhecer o que se sabe sobre a leitura, sobre livros e sobre a literatura. Desse modo, investiremos naquilo que ainda não se sabe e se quer ou se deve saber[5].
Tendo como foco averiguar as possíveis relações que as crianças estabelecem entre o artefato em si – o livro – e as demais informações contidas nele (imagem, autoria, editoria...), o primeiro passo na realização de um “teste de repertório” é a escolha de um livro que contenha informações relevantes na capa. Imagem, título, nome do autor, do ilustrador e da editora, é o ideal. Pode faltar alguma dessas informações? Sim. Mas, dificilmente um livro não terá título e autor. Se você encontrar um desses por aí, descarte. Para o teste, ele não serve.
Escolhida a obra[6], inicia-se o processo de alfabetização literária ou, metodologia da leitura literária, um processo com diferentes procedimentos orientados por um método. Um método aprofundado e metódico, intencional. Mas que tenha como objetivo ensinar a gostar de ouvir, primeiro e ler, posteriormente!
Na pré-leitura – exploração do artefato cultural – conhecer informações contidas na capa é o primeiro passo. Nesse momento, o foco é a pergunta. Assim, o mediador deve mostrar o impresso escolhido e perguntar “O que é isso?” a todos e a cada um, permitindo que observem e respondam. É importante que cada um escute o que o outro falou, para acrescentar essa informação/hipótese entre as suas.
O segundo passo é ouvir, ou seja, considerar o que está sendo respondido pelas crianças. Estas respostas é que compõem o repertório de informações que elas dispõem sobre o artefato genericamente – um livro – e especialmente – aquele livro.
Dar a palavra a todos, ouvir e anotar (ou gravar e depois transcrever) todas as respostas dos estudantes é fundamental. O objetivo é conhecer o espectro de possibilidades de pensamento, conhecer todas as informações disponíveis, naquele grupo, sobre o impresso escolhido. Durante as respostas, o professor não intervém informando o correto, mas instiga, repetindo, perguntando, questionando as respostas dadas pelos estudantes:
– Isso é um...?
Ao final de cada uma das sugestões/respostas propostas pelas crianças, o professor observa e intervêm considerando a legitimidade daquela hipótese, afirmando a participação de cada um. Isso encoraja as crianças a aventarem mais possibilidades para o título de um livro[7].
A próxima pergunta a ser feita, ainda na pré leitura, é a respeito da verdade. Iniciada com um “Como posso ter certeza do título dessa história?”, insiro a língua escrita e a leitura desta como protagonistas do processo de alfabetização literária. É a grafia do título, lida por mim, mediador que confere autoridade ou nega uma ou mais hipóteses dos ouvintes.
– Será que em algum lugar desta capa está escrito o nome/título do livro? Indique para mim onde pode estar escrito o título. Ao ouvir a resposta, o mediador deve informar aos demais que esta é a resposta do aluno “A”. E convidar:
– Vamos ouvir o aluno “B”? E, assim por diante, repetir o procedimento até que todos olhem e sugiram títulos, soluções para a pergunta. Esse procedimento, repetidamente, origina uma profusão de hipóteses, a confirmação/negação do que cada um pensa amiúde e uma ampliação de possibilidades aos originalmente restritos repertórios. A intenção é, ao mesmo tempo, conhecer e questionar a certeza de cada um. Essa atitude do professor orienta o grupo a pensar, observar as letras, compará-las umas com as outras, observar hipóteses contrárias a sua e descartar hipóteses improváveis.
O passo seguinte é indicar possibilidades de narrar o artefato, ou seja, afirmar certezas e ampliar o espectro de curiosidades: sobre o livro, o autor, o enredo, o ilustrador...
5. Passo cinco: planejar
A partir do que observou e anotou, o professor poderá planejar como deverá ser seu retorno aos estudantes com relação ao impresso estudado, no que diz respeito às letras que ali se encontram.
Exemplo um: conseguiram ler – o professor afirma o lido e complementa afirmando que sempre que aquelas letras estiverem naquela ordem a palavra lida será biscoito;
Exemplo dois: não conseguiram ler – o professor instiga-os a pensarem sobre as possibilidades de palavras ali escritas (biscoito, bolacha, guloseimas); instiga-os a buscarem outras palavras conhecidas (nomes de crianças, brinquedos, alimentos) que iniciem com o mesmo grafema que a palavra escrita para “ensinar” que sim, ali está escrito biscoito.

Como se faz o teste de letramento?
Um teste de letramento vai averiguar o sentido que o impresso tem para os estudantes e deve ser feito ao mesmo tempo em que o teste de leitura. Após a rodada do teste de leitura, as questões que envolvem saberes para além da leitura de letras, deve ser averiguado. O foco, neste caso, é conhecer se os estudantes sabem o que é uma embalagem (a função dela), quais as informações intrínsecas a ela (quais as que não podem faltar) e quais as relações possíveis entre este impresso e os demais impressos para alimentos disponíveis no mercado.
Como executar?
Funciona como um jogo de “passar a palavra”, ou seja, cada resposta dada pelos estudantes vai sendo incorporada à anterior, aprimorando e complexificando uma única construção conceitual.
O professor deve ser o maestro desse jogo, perguntando, devolvendo a palavra, unindo as respostas, até que se chegue a um conceito amplo de embalagem de biscoito. Não é necessário, neste primeiro momento, que se elabore um conceito completo e coreto.
O foco é que todos aprendam a pensar:
- sobre a função social da escrita (o que se escreve em uma embalagem, por que se escreve, o que não pode faltar, o que é desnecessário);
- sobre a escrita em si, ou seja, como se elabora um conceito e como se registra esse em nossa língua materna.
Exemplo:
Ao perguntar “O que é isso?”, o professor vai ouvir diferenciadas respostas. Sua tarefa, então é devolver aos estudantes as respostas em forma de pergunta, para que eles analisem o que disseram. Assim:
- É um saco, um pacote ou um plástico?
- É um saco de bolachas, um saco com bolachas, um plástico com biscoitos, um plástico de biscoitos, Um pacote de biscoitos, um pacote com biscoitos ou um saco de papel com biscoitos dentro?
- Não é nada disso? Não é nenhum destes? O que é então?
Deve-se chegar a uma conclusão, a um conceito que todos concordem que represente o impresso, mesmo que a palavra embalagem não apareça. Esse conceito agregador deve ser repetido oralmente e escrito no quadro, pelo professor. Deve ser tomado, pelo professor, como o conceito inicial. Sobre ele é que o professor vai planejar sua próxima atitude: complexificar e aprimorar a oralidade e a escrita.

O que se faz com os resultados do teste?
No teste de Leitura:
A primeira intenção é desenvolver a capacidade de leitura/decifração, ou seja, saber se as crianças identificam os grafemas, a ordem deles e se conseguem realizar a leitura do que está escrito.
A segunda intenção é observar se a resposta dada se aproxima do que deveria estar escrito, quando quem respondeu não sabe o que está efetivamente escrito. Por exemplo: algumas crianças respondem a pergunta “o que está escrito?”, falando: bolacha, biscoitinhos, deliciosos biscoitos, gostosuras, pacote... Essas respostas se aproximam do que está escrito e indica que a criança sabe do que se trata, embora não saiba ler.
Quando elas não sabem o que está escrito e nem o que poderia estar, temos que averiguar com outro impresso que seja mais próximo de seu universo cultural. É muito raro que as crianças não tenham nenhuma noção do que poderia estar escrito.

No teste de letramento: O teste de letramento averigua a capacidade de uso das informações disponíveis naquele impresso. Assim, letrado é aquele que sabe o que está escrito, que sabe que aquela é uma embalagem, que embalagens se modificam, sabe quais as informações que não podem faltar em uma embalagem, quais as que são dispensáveis e consegue estabelecer relações entre esse produto e outros, similares, no mercado. É raro um estudante saber tudo isso, mas é isso que, ao final de um programa de estudo sobre a embalagem ele deve estar sabendo.
Os resultados de um teste de letramento indicam ao professor o quanto eles sabem e o que querem ou precisam saber. Anotando, no quadro, o conceito original oriundo da descrição oral que os estudantes, a princípio fizeram, o professor pode, por comparação, ao final do trabalho, mostrar a eles o quanto eles sabiam e o quanto aprenderam. Esse é o caminho, o processo de aprendizagem que o teste de letramento permite realizar.
Todos os estudantes, ao serem confrontados com sua capacidade oral de descrição e, ao mesmo tempo, ouvindo os colegas e as perguntas do professor, tem a oportunidade de redimensionar sua descrição, refazer sua argumentação, redefinir palavras, termos e conceitos utilizados. Essa habilidade, se desenvolvida oral e por escrito, leva ao poder de argumentar.
Desse modo, desenvolve-se, primeiro oralmente, e depois por escrito, a descrição do material selecionado, com o intuito de conhecer o que as crianças já sabem sobre um impresso desse tipo.


Roteiro de questões que organizam a construção de sentido e a construção de um conceito
É uma embalagem?
O que é uma embalagem?
O que está escrito nela? (descrição imediata)
Ao ler essa informação eu sei o que tem dentro? (nome igual conteúdo)
Como eu sei se os biscoitos são doces ou salgados? (tipo de produto)
Como eu sei quanto de biscoito tem ali dentro? (quantidade)
Como eu posso saber se o biscoito pode ser consumido? (data de validade)
Como posso saber, lendo a embalagem, a quem reclamar se o biscoito estiver estragado? (quem fabrica)
Desse modo, desenvolve-se, primeiro oralmente, e depois por escrito, a descrição do material selecionado, com o intuito de conhecer o que as crianças já sabem sobre um impresso desse tipo.
O objetivo é conhecer, através do que ainda não se sabe, o que é preciso conhecer. A tarefa do professor é anotar as respostas para poder intervir em um próximo momento.

O que posso ler para complementar meus estudos?
A seguir, algumas interessantes indicações de leitura que vão complementar e ampliar seus conhecimentos sobre leitura, letramento e alfabetização.
Não deixe de consultar o site do Centro de Alfabetização Leitura e Escrita (CEALE) da FaE/UFMG:http://www.ceale.fae.ufmg.br/institucional.php e não deixe de ler http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/

Referências:
BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 1994.
CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetização & Lingüística. São Paulo: Scipione, 1993.
FERREIRO, Emilia & TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.
FERREIRO, Emília. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1999.
GERHARDT, Tatiana Engel e SILVEIRA, Denise Tolfo (ORG.). Métodos de Pesquisa. UAB/UFRGS/Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. Disponível em: http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf
KATO, Mary. No Mundo da Escrita: Uma Perspectiva Psicolingüística. São Paulo: Ática, 2003.
KLEIMAN, Ângela (org.). Os significados do Letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1999.
LAHIRE, Bernard. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São Paulo: Ática, 1997.
MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura? São Paulo: Brasiliense, 2006.
MINAYO, Maria Cecília (org). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.
NEVES, Iara. Ler e Escrever: Compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003.
PAULINO, Graça. Leitura literária. Glossário CEALE. Disponível em: http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/leitura-literaria
ROSA, Cristina. LITERATURA NA ESCOLA: por uma leitura não convencional do mundo. Artigo Publicado em 09/05/2011 in: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2011/05/literatura-na-escola-por-uma-leitura.html
SILVA, Ezequiel Theodoro da. e ZILBERMANN, Regina. Leitura: Perspectivas interdisciplinares. São Paulo, Ática, 1999.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Autêntica, 1999.
SOARES, Magda. Linguagem e Escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1988.
TEBEROSKY, Ana e COLOMER, T. Aprender a Ler e Escrever: Uma Proposta Construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.




[1] Artefato cultural por excelência da cultura escrita, o livro representa, desde a invenção da escrita e mesmo entre as novas gerações digitais, auditivas e visuais, um ícone, um grande feito, um representante da preservação da memória. É o livro que afirma nosso poder de narrar, nossa herança enquanto espécie. E, ao mesmo tempo, a possibilidade de futuro, pois, para legar, precisamos aprender a narrar.
[2] Essa expressão foi mencionada por mim pela primeira vez em 2014. Seu significado, portanto, é peculiar. Alfabetização literária significa, para mim, a elaboração e produção de um processo, saboroso, organizado e intencional, de apresentação do livro literário ao leitor. Entendo o livro literário – em seus variados gêneros – como artefato cultural por excelência da cultura escrita e a alfabetização literária como tarefa primordial do Pedagogo.
[3] Sujeito que domina o processo de escolha do que quer ler, o leitor fluente, em minha concepção conhece a história da literatura a ponto de fazer escolhas entre gêneros, escolas, países. Tem autor predileto, age com naturalidade em espaços nos quais os livros são os objetos mais importantes, sabe sugerir obras a outros leitores, entre outras características.
[4] Pensamento filosófico que se tornou conhecido em fins do Século XIX, foi proposto por um filósofo (Charles Sanders Peirce, 1839-1914), um psicólogo (William James, 1844-1910) e um jurista (Oliver Wendell Holmes Jr, 1841-1935). Opondo-se ao intelectualismo, o Pragmatismo considera o valor prático como critério da verdade. Ser partidário do pragmatismo é ter seus objetivos bem definidos, é fugir do improviso, é se basear no conceito de que as ideias e atos só são verdadeiros se servirem para a solução imediata de problemas.
[5] Saber o que as crianças já sabem é fundamental para não perder tempo com o óbvio e investir tempo no imprescindível. Por exemplo: A maior parte das crianças que chegam à escola já sabe escrever seu nome. Os nomes se escrevem com letras. É desnecessário apresentar as letras às crianças como se elas não as conhecessem. Mas é imprescindível que elas compreendam que se usam as mesmas 26 letras para escrever todos os nomes e todas as coisas que ser quer dizer em nossa língua.
[6] Critérios para a escolha da obra a ser lida incluem conhecê-la profundamente. Isso significa ter lido integralmente o livro, saber a que gênero pertence e se é adequado ao público que vai conhecê-lo, algo a respeito de seu autor e/ou ilustrador, conhecer a data de publicação e a editora, pelo menos.
[7] Em uma de minhas experiências com crianças de primeiro ano (ocorrida em 07/07/2014 na EEEF Dr. José Brusque Filho), o livro escolhido foi O pato, a morte e a tulipa, de Wolf Erlbruch. Ao explorar a capa, sete títulos foram sugeridos: O pato de pescoço comprido; O marreco espichado; O ganso pescoçudo; O pato feio; O patinho feio; O marreco de bico laranja; O ganso de pescoço grande.

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Alfabeteando...

Um "Alfabeto à parte" foi criado em setembro de 2008 e tem como objetivo discutir a leitura e a literatura na escola. Nele disponibilizo o que penso, estudos sobre documentos raros e meus contos, além de uma lista do que gosto de ler. Alguns momentos importantes estão aqui. 2013 – Publicação dos estudos sobre o Abecedário Ilustrado Meu ABC, de Erico Verissimo, publicado pelas Oficinas Gráficas da Livraria do Globo em 1936; 2015 – Inauguração da Sala de Leitura Erico Verissimo, na FaE/UFPel; 2016 – Restauro e ambientação da Biblioteca na Escola Fernando Treptow, inaugurada em 25 de novembro; 2017 – Escrita da Biografia literária de João Bez Batti, a partir de relatos pessoais. Bilíngue – português e italiano – tornou-se um E-Book; 2018 – Feira do Livro com Anna Claudia Ramos (http://annaclaudiaramos.com.br/). 2019 – Produção de Íris e a Beterraba, um livro digital ilustrado por crianças; 2020 – Produção de Uma quarentena de Receitas, um livro criado para comemorar a vida; 2021 – Ruas Rosas e Um abraço e um chá, duas produções com a UNAPI; 2022 – Inicio de Pesquisa de Pós-Doutorado em acervos universitários. Foco: Há livros literários para crianças que abordem o ECA? 2023 – Tragicamente obsoletos: Publicação de um catálogo com livros para a infância.

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